Descubra a mudança do consumidor das microtendências online e as oportunidades em estilo pessoal.

Do boom das microtendências ao renascimento do estilo pessoal

Durante os últimos anos, vimos as redes sociais — especialmente o TikTok — acelerarem como nunca o ciclo das tendências de moda. Estéticas como cottagecoreclean girlballetcore, entre tantas outras, nasciam, viralizavam e desapareciam em questão de semanas. Mas esse consumo rápido, muitas vezes superficial, começou a mostrar seus limites.

Hoje, os sinais são claros: estamos presenciando um novo momento. Um retorno ao estilo pessoal, à escolha mais intencional, e a uma moda que reflete a realidade do consumidor — não só suas aspirações digitais.

O declínio das microtendências descartáveis

As microtendências dominaram os feeds entre 2021 e 2023, criando ciclos de desejo extremamente curtos e pouco sustentáveis. Roupas e acessórios se tornaram símbolos instantâneos de pertencimento online — mas também foram rapidamente descartados.

Como já apontam especialistas em comportamento de consumo, essa lógica acelerada se tornou insustentável tanto do ponto de vista ambiental quanto financeiro. O ritmo das tendências ultrapassou o poder de compra da maioria das pessoas — e isso fez com que muitas começassem a repensar seus hábitos.

Hoje, os consumidores estão voltando os olhos para o mundo real: roupas que façam sentido no dia a dia, que sejam funcionais, versáteis e reflitam verdadeiramente seu estilo de vida. O que se veste precisa ter propósito — e não apenas performar bem diante de uma câmera.

Novas oportunidades para marcas e criadores

Essa virada abre espaço para uma atuação mais estratégica de marcas, designers e influenciadores. A curadoria se torna peça-chave nesse cenário: é preciso saber o que vale destacar e como traduzir tendências de forma relevante e duradoura.

Ferramentas como análise de dados de redes sociais, como a usada pela WGSN para medir a força e a longevidade de cada tendência no TikTok, são cada vez mais valiosas para guiar essas decisões. Mais do que seguir o “barulho do momento”, o foco agora está em reconhecer quais movimentos realmente têm potencial de permanência — e como encaixá-los em propostas autênticas.

Um ótimo exemplo dessa abordagem é a Ralph Lauren, que integrou elementos esportivos ao seu estilo clássico por meio de colaborações com o US Open e os Yankees. A marca conseguiu expandir seu repertório sem perder seus códigos originais — e ainda abriu caminho para o merchandising cruzado com forte apelo emocional e cultural.

O poder do storytelling e da autenticidade

Mais do que vender uma estética, as marcas precisam contar histórias que dialoguem com a rotina, os valores e o desejo de expressão do consumidor. Isso significa investir em coleções com narrativas bem construídas e em produtos que tenham personalidade — e não pareçam cópias de algo já visto.

Segundo Clare Scullion, estrategista da WGSN, os consumidores estão valorizando a versatilidade: roupas que possam se adaptar a diferentes momentos da vida e do dia, que carreguem significado e permitam múltiplas formas de uso.

Das passarelas à realidade: o novo uso das peças-chave

As coleções Pré-Outono 2025 já refletem essa transição. Um bom exemplo é a blusa estilo poeta, que deixou de ser um ícone do cottagecore e passou a ocupar diferentes espaços visuais:

  • Na Max Mara, ela ganha um ar sofisticado e urbano.
  • Na Kallmeyer, aparece em um styling descontraído com calças amplas.
  • Na Valentino, ganha vida em looks maximalistas e teatrais.

Essas reinterpretações mostram como uma única peça pode ganhar novos significados, dependendo do contexto e do estilo pessoal de quem a veste. É o reflexo de um consumidor que quer liberdade criativa e recusa o visual padronizado.

O que vem depois?

Olhando além de 2025, o estilo pessoal deve se consolidar como uma força central na moda. O consumidor seguirá cada vez mais seletivo, buscando diferenciação e autenticidade em meio à avalanche de conteúdos e estímulos visuais.

Para acompanhar esse ritmo com propósito, será essencial estar atento às influências culturais duradouras, aos sinais de comportamento emergentes e às mudanças nos hábitos de consumo. A curadoria precisa ser cada vez mais estratégica, sensível e conectada com o que realmente importa: a expressão genuína de quem somos.

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